Lorenna Rodrigues, Sheila D'amorim, Priscilla Oliveira
Folha.com
O governo anunciou nesta segunda-feira uma série de medidas
para estimular o consumo, principalmente de veículos, e a aquisição de bens de
capital (máquinas e equipamentos), que incluem a redução de impostos, aumento
de prazos de financiamentos e corte de juros.
Segundo o ministro Guido Mantega (Fazenda), as ações
implicarão em uma redução de cerca de 10% no preço dos automóveis. "O
resultado esperado com essas medidas é reduzir os custos do investimento no
país", afirmou o ministro.
O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras)
cobrado em todos os financiamentos para consumo cairá de 2,5% para 1,5%.
O IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) será
reduzido até 31 de agosto em até sete pontos percentuais, de acordo com o
modelo e a cilindrada do veículo. A renúncia fiscal é estimada em R$ 2,1
bilhões
Além disso, o Banco Central vai liberar R$ 18 bilhões do
chamado depósito compulsório --valor que as instituições têm que deixar
depositadas-- para financiamentos de veículos.
Segundo Mantega, bancos públicos e privados se comprometeram
a cortar juros, aumentar o volume de crédito e aumentar o número de parcelas em
que os financiamentos são oferecidos.
As montadoras prometeram ainda dar um desconto sobre o preço
de tabela cobrado pelos veículos hoje --de 2,5% para carros de 1.000
cilindradas, 1,5% entre 1.000 e 2.000 e 1% para utilitários --e fazer promoções
especiais. Além disso, o acordo prevê que o setor não poderá demitir
trabalhadores.
O ministro anunciou ainda a redução dos juros de
financiamentos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
Linhas para o pré-embarque terão taxas reduzidas de 9% ao
ano para 8% e para o financiamento de ônibus e caminhões de 7,7% para 5,5%.
Para a compra de máquinas equipamentos, os juros caem de
7,3% para 5,5% e para o financiamento de projetos de obras de 6,5% para 5,5% ao
ano.
A redução também valerá até 31de agosto e custará aos cofres
públicos R$ 619 milhões.
Mantega disse que as medidas não vão pressionar a inflação.
Ao contrário, ele defendeu que elas têm efeito deflacionário.
"É possível que haja aumento do crédito sem que haja
necessariamente aumento do endividamento das famílias", afirmou.
CRESCIMENTO
As medidas foram anunciadas após a economia dar sinais de
que o crescimento do Brasil pode ser menor do que o esperado em 2012.
A economia brasileira encolheu em março pelo terceiro mês
consecutivo, e o desempenho no primeiro trimestre foi ainda mais fraco do que
esperavam analistas e investidores, segundo os dados do índice de atividade
econômica do Banco Central, divulgado na semana passada.
O BC apurou uma expansão de apenas 0,15% no primeiro
trimestre, na comparação com os últimos três meses do ano passado.
O mercado também reduziu a estimativa para o PIB e para a
inflação oficial neste ano, segundo divulgação do boletim Focus desta
segunda-feira (21).
A projeção para o PIB (a soma de todas as riquezas
produzidas por um país) de 2012 foi reduzida de 3,20%, na semana passada, para
3,09% hoje. Para 2013, foi elevada de 4,30% para 4,50%.
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