quinta-feira, 2 de abril de 2020

Anúncios de recompras de ações triplicam enquanto Bolsa despenca; entenda como funcionam os programas

Em meio à queda de quase 40% do Ibovespa no 1º trimestre, anúncios de recompras chegam a 26 empresas; em igual período de 2019, eram apenas nove programas

SÃO PAULO – Um total de 26 empresas listadas na B3 fez anúncios de recompras de ações durante o primeiro trimestre do ano. O número supera e muito o registrado em igual período do ano passado, com apenas nove programas. O mecanismo é utilizado pelas companhias quando consideram que a cotação de suas ações está baixa. Com a queda de 37% do Ibovespa entre janeiro e março, não faltou motivo para essa escolha.
As empresas podem ter programas de recompras esporádicos ou de forma regular. Em nenhum dos dois casos, contudo, precisam efetivar as aquisições. Mas o derretimento da Bolsa acaba sendo um incentivo para que essas intenções saiam do papel.
Ter dinheiro em caixa ou reserva de capital é um dos fatores que indica se a empresa terá condições de recomprar suas ações. Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial, lembra que, de forma geral, as companhias brasileiras estão bem capitalizadas e podem aproveitar o momento de desvalorização da Bolsa para anunciar os programas de recompra.
“Isso já aconteceu durante a crise de 2008. Mas, naquela época, a empresa podia recomprar suas ações ou aplicar no CDI. Hoje, essa segunda opção não faz muito sentido, então a empresa acaba investindo nela mesmo”, diz.
Em setembro de 2008, período da quebra do Lehman Brothers, a Selic estava em 13,75% ao ano. Atualmente, a taxa básica de juros corresponde a 3,75% ao ano, o menor patamar da história.
Confira a seguir a lista com os programas de recompras anunciados no primeiro trimestre deste ano.
EmpresaQuantidade de ações na recompra% ações em circulação
Anima6,4 milhões ONs10
Arezzo4,5 milhões ONs10
B321,7 milhões ONs1,05
Banco BMG10,7 milhões ONs10
Banco Inter13,4 milhões ONs e 29,5 milhões PNs10
BRF7,5 milhões ONs0,93
CEEE68,9 mil ONs e 75,3 mil PNsND*
Cielo4 milhões ONs0,41
Cosan10 milhões ONs2,54
CSU Cardsystem3 milhões ONs16,47
Cyrela4,9 milhões ONs6,89
Eztec9,6 milhões ONs10
Hapvida21,7 milhões ONs10
Hering835,5 mil ONs0,66
IRB41,9 milhões ONs5
JBS156,8 milhões ONs10
Linx8,1 milhões ONs4,51
Log4 milhões ONs4,10
M.Dias Branco8,5 milhões ONs10
MRV15 milhões ONs5,10
Notre Dame Intermédica3,4 milhões ONs0,60
PGB (Portobello)3,9 milhões ONs5
Porto Seguro 5 milhões ONs5,32
Renner8 milhões ONs1
Trisul5 milhões ONs6,30
Tupy235 mil ONs0,35
*Não divulgado.
Fontes: CVM e empresas.

A Hering é uma das empresas que faz parte dessa lista recente. Depois de não ter comprado nenhuma ação no programa de recompra encerrado em 5 de fevereiro, renovou o prazo por mais 12 meses.
Nesse período, viu as ações despencarem e, no último dia 16, anunciou que comprou todos os papéis que faziam parte do programa (1,49 milhão de ações ordinárias) e que estava abrindo um novo programa, dessa vez de 835,5 milhões de ações (equivalentes a 0,66% do capital da empresa).
Entre os dias 5 de fevereiro, quando renovou o programa de recompras, e 16 de março, data em que anunciou tê-lo executado integralmente e sua intenção de comprar ainda mais papéis, a cotação de HGTX3 caiu de R$ 25,52 para R$ 13,99. No acumulado do primeiro trimestre, o recuo da cotação foi ainda mais significativo (56,3%), de R$ 34,04 para R$ 14,88.
A companhia comunicou que o objetivo do novo programa é “subsidiar os planos de opção de compra de ações ou outras formas de remuneração baseada em ações da companhia, cancelamento, permanência em tesouraria ou alienação”. Para isso, irá usar parte dos R$ 13,87 milhões que possui de reserva de capital.
Fonte: infomoney.com.br

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