Teo Tákar
Valor
SÃO PAULO - A Bovespa teve mais um dia de liquidação, com as
vendas se intensificando a partir do meio da tarde. O cenário externo continuou
sendo o principal motivador das vendas, que ganharam força conforme a bolsa
perdeu suportes importantes. Segundo operadores, houve um grande movimento de
ordens de “stop loss” (ordem automática de venda para limitar perdas).
Lá fora, as bolsas também caíram, diante de dados mais
fracos da economia americana, com o novo rebaixamento da nota de risco de
crédito (rating) da Grécia, e com a notícia de uma onda de saques nos bancos
espanhóis. Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 1,24%, para 12.442 pontos, o
Nasdaq recuou 2,10%, para 2.813 pontos, e o S&P 500 fechou em baixa de
1,51%, aos 1.304 pontos.
O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa) fechou em baixa de 3,31%, aos 54.038 pontos, na mínima do dia, depois
de despencar mais de 2 mil pontos da máxima, de 56.295 pontos. O volume
financeiro voltou a ser forte, de R$ 8,351 bilhões.
“O nervosismo do mercado está se autoalimentando”, avalia o
estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi. Um operador acrescentou que houve
forte atuação de investidores estrangeiros na ponta vendedora. O cenário
internacional ruim foi preponderante para o rumo dos negócios.
Desta forma, o Ibovespa já acumula perda de 9,1% nesta
semana, que caminha para ser a pior desde a semana encerrada em 5 de agosto de
2011, quando o índice recuou 9,99%. No fim daquela semana, os Estados Unidos
perderam o rating "AAA".
No mês, o recuo chega 12,6%. Já é o pior desempenho desde
outubro de 2008 – auge da crise financeira – quando o mercado despencou 24,8%.
No ano, o Ibovespa cai 4,8%.
Cena corporativa
Entre as ações mais negociadas, Petrobras PN devolveu todo o
ganho de ontem, com perda de 4,45%, para R$ 18,43. Vale PNA fechou em baixa de
3,65%, a R$ 34,78; e OGX ON perdeu 5,59%, para R$ 10,97.
O diretor financeiro e de relações com investidores da
Petrobras, Almir Barbassa, reiterou que ainda não há metas definidas de produção
de petróleo e gás para o Brasil e exterior para este ano. “Estamos reavaliando
nossos ativos”, disse hoje, em teleconferência. As estimativas de produção
total da Petrobras para 2012 também foram alvo de intensa curiosidade por parte
dos analistas em fevereiro, na teleconferência da empresa sobre os resultados
do quarto trimestre de 2011. Na ocasião, questionado diversas vezes sobre as
metas para este ano, Barbassa afirmou que ainda não havia número definido pela
companhia.
LLX ON (-7,46%, a R$ 2,48) liderou as perdas, seguida por
Braskem PNA (-7,12%, a R$ 10,95) e Usiminas ON (-7,12%, a R$ 13,29). Esses
papéis foram “vítimas” do “stop loss”, resumiu um operador. “Ações que possuem
menos liquidez acabam sofrendo mais quando o investidor quer sair de qualquer
jeito.” No caso de Usiminas, o papel também sofre com a saída do ativo da
carteira do índice MSCI Global, que é usado como referência por muitos fundos
de investimento.
Apenas duas ações do índice fecharam em alta: CCR ON (2,09%,
a R$ 15,62) e MRV ON (1,65%, a R$ 9,81).
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