Felipe Moreno
Portal InfoMoney
Estimativa de analistas compilada pela InfoMoney era de
lucro de R$ 1,58 bilhão no trimestre; Ebitda também caiu forte

SÃO PAULO - A Petrobras (PETR3, PETR4) registrou prejuízo
líquido atribuível aos acionistas de R$ 1,346 bilhão no segundo trimestre de
2012, revertendo de um lucro líquido de R$ 10,94 bilhões no mesmo período em
2011. O resultado da estatal veio abaixo das projeções compiladas pelo Portal
InfoMoney, que era de lucro líquido de R$ 1,58 bilhão no trimestre, de acordo
com os analistas de Ágora Corretora e do Banco Espírito Santo.
"Estamos trabalhando para recuperar nossa
rentabilidade", disse Graças Foster, que nesses cinco meses no comando da
companhia já reajustou duas vezes os preços do combustível, demonstrando cada
vez mais ser necessidade essa atitude para a financiabilidade do plano de
negócios e gestão, assim como para preservar os limites de alavancagem e para
garantir a lucratividade da companhia.
Receita e geração operacional de caixa
A receita de vendas da petrolífera no trimestre ficou em R$
68,047 bilhões, superando em 11,54% o montante visto no mesmo período de 2011.
O número também superou em 2,89% o período anterior e em 1,71% a média das
estimativas das duas casas de research compiladas pela InfoMoney.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, amortização e
depreciação) ficou em R$ 10,599 bilhões, mostrando piora tanto frente ao
trimestre anterior, de 35,85%, quanto em relação ao mesmo período do ano
passado - queda de 33,38%. Além disso, a geração operacional de caixa veio
29,20% acima das estimativas dos analistas consultados.
Resultado financeiro
O resultado financeiro líquido da Petro foi negativo em R$
6,4 bilhões, devido à depreciação cambial de 10,9% sobre o endividamento,
frente à receita financeira líquida de R$ 465 milhões nos três primeiros meses
desse ano. A piora dos números da companhia é ainda maior quando comparada ao
segundo trimestre de 2011, quando o resultado financeiro líquido foi positivo
de R$ 2,9 bilhões.
Custo de produtos vendidos
A petrolífera reportou ainda um aumento de 13% no custo dos
produtos vendidos no segundo trimestre de 2012, se comparado ao primeiro
período deste ano, somando R$ 52,03 bilhões.
"Isso se deve ao aumento do volume das vendas no
mercado interno em 4%, suportado em grande parte por importações,
principalmente de diesel e GNL (gás natural veícular), inclusive pela
realização de estoques formados por maiores custos, associado ao efeito cambial
sobre as importações e participações governamentais", afirma a companhia.
Confira os resultados da Petrobras:
(em R$ milhões)
|
2T12
|
2T11
|
1T12
|
2T12E*
|
2T12/2T11
|
2T12/1T12
|
2T12/T12E*
|
Receita líquida
|
68.047
|
61.007
|
66.134
|
66.900
|
+11,54%
|
+2,89%
|
+1,71%
|
Ebitda**
|
10.599
|
15.909
|
16.521
|
14.970
|
-33,38%
|
-35,85%
|
-29,20%
|
Lucro (prejuízo) líquido
|
(1.346)
|
10.942
|
9.214
|
1.580
|
-
|
-
|
-
|
* Média obtida entre as projeções da Ágora e do Banco
Espírito Santo
** Geração operacional de caixa ou lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização
*** Relação percentual entre receita líquida e geração
operacional de caixa
Resultado por segmento
A empresa mostrou resultados distintos em seus seis
segmentos - E&P (Exploração e Produção), Abastecimento, Biocombustível, Gás
& Energia, Distribuição e Internacional. Enquanto quatro deles apresentaram
resultados piores frente ao ano passadado, os segmentos de E&P e distribuição
mostraram melhora.
O segmento de E&P (Exploração e Produção) teve ganhos
líquidos de R$ 10,67 bilhões no segundo trimestre, o que corresponde a um
crescimento de 0,75% frente ao período similar em 2011. "O aumento do
lucro líquido no semestre decorreu da elevação dos preços de venda
etransferência do petróleo nacional, refletindo o comportamento das cotações
internacionais e a depreciação cambial", avalia a companhia.
Já a produção nacional no segundo quarto do ano teve leve
queda de 2,38% para 1,97 milhão de barris diários. "Isso ocorreu
principalmente por conta das paradas operacionais, do aumento de outras perdas
operacionais e da interrupção de Frade. O declínio do potencial dos sistemas
antigos tem se mantido dentro do esperado", destaca a companhia.
Abastecimento
A área de abastecimento foi a grande responsável pela piora
dos números da companhia. O resultado R$ 2,28 bilhões negativos para um rombo
de R$ 7,03 bilhões - crescimento de 208,33%. A companhia destaca a elevação de
custos com aquisição e transferência de petróleo, refletindo a depreciação
cambial e a "redução dos resultados com participações no setor
petroquímico".
É válido destacar que as importações de petróleo e derivados
ficou praticamente estável, atingindo 724 mil barris diários. A exportação caiu
de 703 mil barris para 554 mil barris por dia - queda de 21,19%.
Gás & Energia
No segmento de Gás & Energia, houve uma queda de 88,5%
no resultado líquido do período frente ao mesmo período de 2011, chegando a R$
86 milhões. "Houve um aumento da participação do Gás Natural Leve no mix
de vendas, visando atender ao crescimento da demanda, principalmente
termoelétrica", avalia a companhia. A companhia destaca também a reduução
das margens de comercialização de energia, dado o aumento dos custos de compra
no mercado à vista, em reflexo a menor disponibilidade hidrelétrica.
Biocombustível e distribuição
No segmento de biocombustível, o resultado líquido negativo
de R$ 37 milhões no segundo trimestre de 2011 foi ampliado para R$ 113 milhões
negativos no segundo trimestre de 2012, em decorrência da diminuição das
margens de venda de biodiesel - refletindo os menores preços praticados em
leilão e o aumento das despesas com pesquisa e desenvolvimento.
Por fim, a área de distribuição fechou o segundo trimestre
de 2012 com um lucro líquido de R$ 472 milhões, alta de 101,7% na passagem
anual. "O aumento desse lucro líquido decorreu do crescimento em 11% das
margens de comercialização, refletindo a realização de estoques formados por
menores custos de aquisição em período anterior", finaliza a companhia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário