terça-feira, 12 de agosto de 2025

Robôs e IA Generativa transformam bancos brasileiros

 

Os grandes bancos do Brasil estão investindo pesado em inteligência artificial generativa para modernizar o atendimento, automatizar processos e oferecer soluções personalizadas a clientes e investidores.

Dentre as ação implementadas podemos destacar as seguintes soluções:

Bradesco

  • BIA: Assistente virtual lançada em 2016 e atualizada com IA generativa em 2023.

    • Atende 3 milhões de clientes para consultas sobre produtos, serviços, transações e dicas de investimentos.

  • Gestora de recursos: IA lê e analisa até 140 cartas de gestores simultaneamente, respondendo perguntas com base nesses dados. Recurso deve chegar a clientes private e institucionais até o fim de 2025.

  • Indicador Bradesco: Integrado ao terminal Bloomberg, analisa atas do Copom e Fed em até 5 minutos e classifica o tom (“hawk”, “dove” ou neutro).

Itaú

  • Lançou, em junho de 2025, a primeira IA assessora de investimentos do país, inicialmente para 10 mil clientes uniclass e personalité.

  • Recomenda aplicações com base no perfil e histórico do investidor.

  • Previsão de expansão para todos os correntistas sem custo adicional.

  • Seção de investimentos do app já utilizava IA para diagnósticos e sugestões; agora, com IA generativa, o cliente pode “conversar” diretamente sobre produtos e serviços.

Banco do Brasil

  • Ari (Área de Recomendações Inteligentes): Copiloto lançado em 2024 para microempreendedores e pequenos empresários.

    • Dá insights personalizados, como dias de maior ou menor venda, sugestões de produtos financeiros e alertas de inadimplência com orientações práticas.

    • Evoluiu de 34 para quase 50 insights e deve chegar a 300 alertas até 2026.

    • Já gerou 60 milhões de recomendações, impactando 2,5 milhões de MPEs.

  • Minhas Finanças Multibanco: App para gestão de orçamento, lançado em 2022, recebeu IA generativa em junho de 2025.

Tendência geral: A IA generativa está permitindo atendimento mais natural, decisões mais rápidas e soluções hiperpersonalizadas, desde o varejo bancário até investidores de alto patrimônio.

Fonte: Portal Valor Investe

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Dólar tem leve alta após encostar nos R$ 5,80, com Haddad e queda da divisa lá fora

Haddad afirmou que houve convergência entre o ministério e a Casa Civil em torno da elaboração de medidas para controle de despesas públicas



Depois de quase atingir os 5,80 reais nesta quarta-feira, o dólar perdeu força no Brasil e fechou a sessão praticamente estável, após comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, trazerem um pouco de alívio para as cotações, em um cenário de queda da moeda norte-americana no exterior.

O dólar comercial operava com alta durante boa parte da sessão desta quarta, mas com menor intensidade em relação ao início da manhã, à medida que comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a queda nos rendimentos dos Treasuries ajudavam a reduzir os ganhos da moeda norte-americana após dados fortes dos Estados Unidos.

Haddad afirmou que houve convergência entre o ministério e a Casa Civil em torno da elaboração de medidas para controle de despesas públicas, ressaltando que o plano passa por análise jurídica.

Na terça-feira, falas do ministro sobre não haver uma data para o anúncio das medidas deixaram investidores receosos, levando o dólar a registrar seu maior valor de fechamento desde 29 de março de 2021.

Haddad disse hoje entender a inquietação do mercado, argumentando que uma semana a mais de discussão no governo não vai prejudicar as propostas, mas “melhorar a qualidade do trabalho”.

Fonte: Infomoney

Leia mais emhttps://www.infomoney.com.br/mercados/dolar-hoje-abertura-fechamento-comercial-turismo-30102024/

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Com lançamento de telecom e às vésperas do balanço, Nubank renova recorde e vale US$ 74 bilhões

O Nubank anunciou hoje seu lançamento de um serviço de telefonia celular. O movimento, apesar de já ser esperado, dá um novo ímpeto para os papéis do banco, que operam em alta expressiva na Bolsa de Nova York (Nyse). Às vésperas do balanço, quando deve divulgar novo lucro recorde, investidores também ajustam suas posições.

As ações do Nubank fecharam em alta de 1,23%, a US$ 15,67 na Bolsa de Nova York, após máxima intradiária de US$ 15,98. Em um ano, o papel acumula alta de 93,26%. O preço atual lhe dá um valor de mercado de US$ 74,14 bilhões e o título de maior banco da América Latina, bem à frente de Itaú (US$ 56,9 bilhões). Também está acima de nomes como Vale (US$ 46,53 bilhões) e Ambev (US$ 35,5 bilhões), e se aproximando de Petrobras (US$ 85,11 bilhões).



Fonte: Álvaro Campos, Valor — São Paulo

Leia a matéria completa em: https://valorinveste.globo.com/mercados/renda-variavel/empresas/noticia/2024/10/29/com-lanamento-de-telecom-e-s-vsperas-do-balano-nubank-renova-recorde-e-vale-us-74-bilhes.ghtml


quinta-feira, 2 de abril de 2020

Anúncios de recompras de ações triplicam enquanto Bolsa despenca; entenda como funcionam os programas

Em meio à queda de quase 40% do Ibovespa no 1º trimestre, anúncios de recompras chegam a 26 empresas; em igual período de 2019, eram apenas nove programas

SÃO PAULO – Um total de 26 empresas listadas na B3 fez anúncios de recompras de ações durante o primeiro trimestre do ano. O número supera e muito o registrado em igual período do ano passado, com apenas nove programas. O mecanismo é utilizado pelas companhias quando consideram que a cotação de suas ações está baixa. Com a queda de 37% do Ibovespa entre janeiro e março, não faltou motivo para essa escolha.
As empresas podem ter programas de recompras esporádicos ou de forma regular. Em nenhum dos dois casos, contudo, precisam efetivar as aquisições. Mas o derretimento da Bolsa acaba sendo um incentivo para que essas intenções saiam do papel.
Ter dinheiro em caixa ou reserva de capital é um dos fatores que indica se a empresa terá condições de recomprar suas ações. Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial, lembra que, de forma geral, as companhias brasileiras estão bem capitalizadas e podem aproveitar o momento de desvalorização da Bolsa para anunciar os programas de recompra.
“Isso já aconteceu durante a crise de 2008. Mas, naquela época, a empresa podia recomprar suas ações ou aplicar no CDI. Hoje, essa segunda opção não faz muito sentido, então a empresa acaba investindo nela mesmo”, diz.
Em setembro de 2008, período da quebra do Lehman Brothers, a Selic estava em 13,75% ao ano. Atualmente, a taxa básica de juros corresponde a 3,75% ao ano, o menor patamar da história.
Confira a seguir a lista com os programas de recompras anunciados no primeiro trimestre deste ano.
EmpresaQuantidade de ações na recompra% ações em circulação
Anima6,4 milhões ONs10
Arezzo4,5 milhões ONs10
B321,7 milhões ONs1,05
Banco BMG10,7 milhões ONs10
Banco Inter13,4 milhões ONs e 29,5 milhões PNs10
BRF7,5 milhões ONs0,93
CEEE68,9 mil ONs e 75,3 mil PNsND*
Cielo4 milhões ONs0,41
Cosan10 milhões ONs2,54
CSU Cardsystem3 milhões ONs16,47
Cyrela4,9 milhões ONs6,89
Eztec9,6 milhões ONs10
Hapvida21,7 milhões ONs10
Hering835,5 mil ONs0,66
IRB41,9 milhões ONs5
JBS156,8 milhões ONs10
Linx8,1 milhões ONs4,51
Log4 milhões ONs4,10
M.Dias Branco8,5 milhões ONs10
MRV15 milhões ONs5,10
Notre Dame Intermédica3,4 milhões ONs0,60
PGB (Portobello)3,9 milhões ONs5
Porto Seguro 5 milhões ONs5,32
Renner8 milhões ONs1
Trisul5 milhões ONs6,30
Tupy235 mil ONs0,35
*Não divulgado.
Fontes: CVM e empresas.

A Hering é uma das empresas que faz parte dessa lista recente. Depois de não ter comprado nenhuma ação no programa de recompra encerrado em 5 de fevereiro, renovou o prazo por mais 12 meses.
Nesse período, viu as ações despencarem e, no último dia 16, anunciou que comprou todos os papéis que faziam parte do programa (1,49 milhão de ações ordinárias) e que estava abrindo um novo programa, dessa vez de 835,5 milhões de ações (equivalentes a 0,66% do capital da empresa).
Entre os dias 5 de fevereiro, quando renovou o programa de recompras, e 16 de março, data em que anunciou tê-lo executado integralmente e sua intenção de comprar ainda mais papéis, a cotação de HGTX3 caiu de R$ 25,52 para R$ 13,99. No acumulado do primeiro trimestre, o recuo da cotação foi ainda mais significativo (56,3%), de R$ 34,04 para R$ 14,88.
A companhia comunicou que o objetivo do novo programa é “subsidiar os planos de opção de compra de ações ou outras formas de remuneração baseada em ações da companhia, cancelamento, permanência em tesouraria ou alienação”. Para isso, irá usar parte dos R$ 13,87 milhões que possui de reserva de capital.
Fonte: infomoney.com.br

sábado, 29 de junho de 2019

6 estratégias para fazer o seu dinheiro trabalhar para você

Com o avanço da tecnologia, o surgimento de fintechs e novas corretoras, os brasileiros buscam investimentos e aplicações mais rentáveis do que a poupança

Por Alexa Meirelles e Juliana Americo, da VOCÊ S/A

Guardar dinheiro


“Oi, meu nome é Bettina, tenho 22 anos e 1 milhão e 42 000 reais de patrimônio acumulado. O que fiz não é segredo. Comprei ações na bolsa de valores. Comecei com 19 anos e 1 520 reais. Simples assim.” A frase, veiculada em março num vídeo publicitário da Empiricus, empresa de relatórios financeiros, viralizou.

No Twitter, o economista Samy Dana, professor na Fundação Getulio Vargas (FGV), rebateu: “Reflitam, se for verdade que: a) a menina de 22 anos transformou 1 520 reais em 1 042 000 reais (ou seja, multiplicou seu patrimônio por 685,53) e b) seja possível replicar a estratégia dela.

Daqui a 15 anos, nossa heroína terá 37 anos de idade e um patrimônio de 157 quintilhões de reais: 2 milhões de vezes o PIB americano de 2018 e 316 milhões de vezes a fortuna de Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, segundo a Forbes”.

O vídeo foi visto por mais de 15 milhões de internautas, Bettina Rudolph virou meme, estampou manchetes de portais e precisou ir a público se explicar.

A Empiricus, por sua vez, foi multada pelo Procon em 58 200 reais por expor o consumidor ao risco. Em nota, a empresa disse que a peça publicitária direcionou os interessados a um curso gratuito de educação financeira.

Propaganda enganosa à parte, foi a primeira vez que o Brasil parou para discutir aplicações financeiras. E não é à toa. O episódio reflete um momento novo no país.
De youtubers de finanças, como Nathália Arcuri (do canal Me Poupe, com 3,5 milhões de seguidores) e Thiago Nigro (de O Primo Rico, com 2 milhões), a corretoras independentes; de aplicativos que comparam rentabilidade a robôs que investem por nós, está em curso uma democratização sem precedentes.

“Antes, as classes média e baixa não tinham acesso ao mercado financeiro. Parecia um mundo exclusivo. Com essas ferramentas, o hábito de investir se popularizou”, afirma Gilvan Bueno, especialista em finanças e CFO do banco Maré.

É verdade. Os números mostram que as pessoas estão mais dispostas a diversificar a aplicação de seu dinheiro. Nos últimos cinco anos, a despeito da recessão, diversas modalidades cresceram de tamanho.

O volume de pessoas físicas na bolsa de valores, por exemplo, pulou de 564 116, em 2014, para 813 291, no ano passado — um aumento de 44%. No Tesouro Direto o salto foi maior: de 450 000 investidores cadastrados em 2014 para 3 milhões em 2018.

Mas, ao contrário do que esses dados fazem supor, o conservadorismo segue alto. A poupança ainda é a primeira opção para 69% dos brasileiros, segundo um estudo de 2018 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Dois em cada dez indivíduos deixam dinheiro parado na conta-corrente ou, pior, guardado em casa.

Apenas 5% dos investidores operam na bolsa de valores. Em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, mais de 50% da população investe em ações. Ajuda, claro, o fato de que os juros por lá estão próximos a zero. Um cenário bem diferente do nosso, mas que está mudando.

“No Brasil, temos uma taxa de juro de 6,5% ao ano. Antigamente, era de 14%. Por que arriscar se você tinha rentabilidade garantida na renda fixa?”, questiona Felipe Paiva, diretor de relacionamentos com os clientes da B3, bolsa de valores oficial do Brasil, com sede em São Paulo. De acordo com ele, os juros baixos vêm tornando a poupança cada vez menos atrativa.

Há também outro fator a considerar na transformação de comportamento do investidor brasileiro: a reforma da Previdência. O tema ronda o país desde o governo Michel Temer (MDB) e tornou-se uma das principais bandeiras de Jair Bolsonaro (PSL) e Paulo Guedes, ministro da Economia.

“As pessoas estão começando a se conscientizar que se apoiar só na Previdência não será suficiente”, afirma ­Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper.

Além de mexer com a aposentadoria dos cidadãos no futuro, a reforma se reflete no presente. Com 120 dias de atuação, não está claro que rumo o governo dará à economia. E, enquanto a retomada não deslancha, fica difícil tomar decisões claras.

O perigo, para o investidor comum, é ficar desorientado em meio a tantas informações. “Uma coisa é um jovem de 25 anos que perde tudo e tem uma vida toda pela frente para recuperar; outra é alguém na faixa dos 60 que parte para uma aplicação arrojada e arca com o prejuízo”, diz Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em gestão financeira da FGV.

A seguir, listamos seis maneiras de aproveitar a popularização dos investimentos, driblando as incertezas econômicas.




Adeus, poupança

Larissa Calixto, de 25 anos, se interessou por investimentos em 2012 depois de assistir a uma palestra, que ela mesma organizou, ministrada pelo consultor Gustavo Cerbasi.

O evento ocorreu na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de são Paulo, onde a estudante cursava contabilidade. na época, ficou impressionada ao ouvir Cerbasi dizer que, caso ele quisesse parar de trabalhar, ainda assim teria dinheiro para sustentar três gerações.




Até então, Larissa tinha pouca referência sobre o que é preciso para investir. a mensagem ficou gravada em sua mente e, em 2014, ela passou a guardar 400 reais por mês na poupança, metade do que recebia no estágio. aos poucos, foi diversificando.

Hoje, investe 30% dos rendimentos em renda fixa, como Tesouro Selic e CDB. Com o retorno — sua carteira rende 0,59% ao mês —, Larissa já viajou para a Europa, comprou carro e deu entrada na casa própria. “Se tivesse deixado o valor só na poupança, não teria conquistado tudo isso.”

Sua principal meta no longo prazo é a aposentadoria. Para atingir esse objetivo, aplica mensalmente 10% do salário no Tesouro IPCA. O aprendizado foi tamanho que ela está idealizando um projeto de educação financeira para pessoas de todas as idades, apelidado por enquanto de “Tem que Sobrar”.

O nome espelha sua filosofia: “nosso trabalho deve financiar a vida no presente e também no futuro”.

Prioridades com estratégia

Ao romper com o noivo, em 2009, a jornalista Evelin Bonfim, de 32 anos, decidiu resgatar todo o dinheiro que havia guardado para ­realizar o casamento. Comprou carro, fez pós-graduação e intercâmbio para Londres. “Torrei tudo e ainda fiz dívidas. Fiquei 27 meses pagando empréstimo.”



Quando a fase difícil passou, ela percebeu que era hora de restabelecer prioridades. Foi assim que se tornou uma investidora arrojada. Hoje, 55% de seus aportes estão alocados em oito aplicações de renda fixa e os outros 35% em cinco ativos de renda variável.

Os 10% restantes estão num fundo de emergência, dividido entre Tesouro Selic e CDB, com um valor equivalente a seis meses de gastos. Seu principal objetivo é parar de trabalhar em 15 anos com uma renda mensal de 15 000 reais. Para isso, procura investir até 60% dos rendimentos.

Não considero isso sacrifício. Eu não tenho desejos de consumo de curto prazo significativos. Vivo em apartamento alugado, não tenho carro e mantenho um estilo de vida simples.” O conhecimento financeiro a levou a mudar de área. Desde o ano passado, a ex-assessora de comunicação atua como coach de finanças. Seu foco é atender mulheres e auxiliá-las a ter autonomia com o próprio dinheiro.

Continue lendo em: https://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/6-estrategias-para-fazer-o-seu-dinheiro-trabalhar-para-voce/

Fonte: Exame.com



sábado, 12 de maio de 2018

O que está tirando o chão do homem mais rico do Brasil

Apresento aqui um excelente artigo sobre como as mudanças no mercado atual estão exigindo cada vez mais das empresas uma cultura orientada para inovação, melhor experiência do cliente, cultura empresarial flexível e ética. Novos hábitos de clientes e funcionários aliados a entrada de novos concorrentes em sinergia com os novos comportamentos estão pressionando os lucros das grandes empresas e tirando o chão de seus investidores.


Por que Lemann diz que é um “dinossauro apavorado”

O que está tirando o chão do homem mais rico do Brasil são as mudanças advindas de uma nova gente, que tem novos hábitos, vontades e certezas
Por Silvio Genesini


Jorge Paulo Lemann, Co-Founder and Board Member, 3G Capital; Board Member, Kraft Heinz, speaks at the Milken Institute’s 21st Global Conference in Beverly Hills
DINOSSAURO RECONHECIDO: empresário Jorge Paulo Lemann reconhece a necessidade de atualizar sua companhia para o novo mercado / REUTERS/| Lucy Nicholson

Foi uma declaração surpreendente de franqueza e fraqueza do principal líder empresarial brasileiro, Jorge Paulo Lemann. Teve pouca repercussão. Fora um artigo no portal desta EXAME e pequenas reportagens em jornais e blogs, o assunto não repercutiu. É bem verdade que foi em terras estrangeiras. Mas, a sinceridade dos comentários, a propriedade das afirmações e a identidade do narrador, fazem desta intervenção uma das mais simbólicas demonstrações dos desafios que afligem as grandes corporações com as mudanças do mundo.
O cenário era uma conferência no Milken Institute intitulada: Estratégia e Liderança na Era da Disrupção. O moderador foi o editor executivo da Revista Fortune, Adam Lashinsky. Os participantes, além de Lemann, foram Jim McCaughan, presidente da Global Asset Management; Tim Sloan, CEO da Wells Fargo e Julie Sweet, CEO para a América do Norte da Accenture.
Jorge Paulo foi o segundo a falar, logo depois da diretora da Accenture. O moderador, provocativamente, perguntou como ele, que é investidor em indústrias tradicionais e antigas, via a inovação. Não sei se ironicamente, sinceramente, no espírito da provocação, ou por todas as razões anteriores, Lemann disparou, sorrindo: “Eu sou um dinossauro apavorado”.
E justificou que se sentia assim depois de ter assistido a dois painéis: um sobre alimentos em que só falaram sobre novos produtos e novas formas de produzi-los e um outro sobre inteligência artificial, em que a conversa toda era sobre dados e analytics. Percebeu que tinha vivido em um mundo aconchegante, de marcas consagradas e grandes volumes, em que quase nada mudava, que podia se concentrar em ser eficiente e tudo ficava bem. De repente tudo mudou. No supermercado há centenas de marcas novas, o cliente não quer sair e quer que a entrega seja feita em casa.
Em resumo, Jorge Paulo demonstrou, em poucas palavras, que a ficha da disrupção caiu para ele e seus sócios. Em outra intervenção, no mesmo painel, explicou qual era o modelo de negócios das empresas da 3G e porque não funcionava mais. Baseava-se na obtenção de dinheiro barato, que era usado para comprar marcas tradicionais de produtos de consumo, que deveriam durar indefinidamente, com uma demanda sempre crescente. Adicione-se a essa receita uma dose importante de corte de custos e melhoria de eficiência e estava feito o bolo que não parava nunca de crescer.
O que mudou para que tão azeitado modelo corresse o risco de não mais funcionar? O mais curioso é que, ao contrário da grande maioria das organizações, a tempestade que os ameaça não vem diretamente das transformações tecnológicas.
Em primeiro lugar, o custo do dinheiro aumentou e os retornos diminuíram. Com a melhoria da situação econômica dos Estados Unidos e Europa, as taxas, que ficaram por muito tempo perto de zero, começaram a aumentar. Não há mais dinheiro barato como havia.
Em segundo lugar, e com muito mais impacto, a onda do saudável e do orgânico cresceu e espalhou-se irresistivelmente. Aqui, a internet, criadora e potencializadora de redes, teve papel fundamental em juntar militantes da causa, espalhados mundo afora.
As pessoas estão preferindo comer alimentos frescos, feitos em casa ou sob encomenda, do que comida industrial processada, como as fabricadas pela Kraft Heinz, ou o fast food do Burger King. Em bebidas a situação é similar. Os refrigerantes, bebidas carbonatadas com açúcar ou adoçante, têm sofrido rejeição crescente. E, no caso da cerveja, carro chefe do grupo que detêm o controle da AB InBev, as cervejas artesanais (craft beers) fazem o papel do saudável e do novo, usando menos produtos químicos, além de ter charme e personalidade.
Lemann reconhece que não esperavam essa onda das craft beers quando entraram nos Estados Unidos. Reagiram, comprando mais de 20 marcas, contrataram os líderes e aprenderam com eles. Diz que estão preparados para continuar comprando, se essa mesma moda acontecer em outros países do mundo.
Por último, foram atingidos pela reação a um dos pontos mais fortes da cultura do grupo: o gerenciamento com corte de custos e meritocracia agressiva. O grupo reinventou o Orçamento Base Zero (ou OBZ), uma técnica antiga que consiste em determinar custos, não pelo seu crescimento histórico, mas como se as operações estivessem começando do zero a cada ano. Por isso, Warren Buffet, que é sócio na Kraft Heinz, disse que eles estão entre os melhores homens de negócios do mundo.
Como reconheceu Jorge Paulo, durante o painel, até essa eficiência tem sido objeto de crítica. O mundo passou a esperar do capitalismo métodos mais humanizados. Um dos argumentos usados pela Unilever para rejeitar a oferta de compra feita pela Kraft Heinz, no inicio de 2017, teria sido a cultura agressiva e abrasiva do comprador.
Uma pesquisa online do site Glasdoor.com, reproduzido pelo Credit Suisse, feito com ex e atuais funcionários da Kraft Heinz, mostra que apenas 29% recomendariam a empresa a um amigo. Este percentual é de cerca de 80% na Unilever. A empresa recebeu uma nota geral de 2.4 (em um total de 5) comparado com 3.8 da Nestlé e 3.9 da Unilever.
Como se vê, apesar de Lemann estar também preocupado com os efeitos dos dados e da Inteligência Artificial, o que está tirando o seu chão e o seu sono são as mudanças advindas, principalmente, da existência de uma nova gente, habitando esta terra, que tem outros hábitos, vontades e certezas. É uma gente volúvel, permanentemente insatisfeita e que quer novos produtos todos os dias, como ele próprio diz. Estas pessoas são, ao mesmo tempo, clientes, empregados, executivos e parceiros das corporações.
Espontaneamente, Lemann apontou 3 empresas que teriam se ajustado aos clientes e às preferências dos novos tempos: Nike, Starbucks e Zara. São todas modelos de negócios vencedores, mas por coincidência, não estão em suas melhores fases de adaptação ao mundo contemporâneo.
A Starbucks está sofrendo concorrência de lojas de café independentes (um fenômeno parecido com as cervejas artesanais), suas vendas estão estagnadas e suas ações caíram 3% no último ano. Nesta última semana, venderam o direito de comercializar no varejo seus produtos empacotados para a Nestlé, por US$ 7.15 bi. Vão se concentrar nos seus pontos de varejo para tentar crescer novamente.
O CEO da Nike, Mike Parker, desculpou-se recentemente por não ter levado a sério reclamações dos empregados sobre problemas no ambiente de trabalho, eufemismo atual para casos de assédio. Aconteceu em sequência à saída de vários executivos importantes, incluindo o segundo na hierarquia.
A Zara passou, no final do ano passado, por protestos e ameaças de boicote de clientes em função de bilhetes achados com mensagens como: “eu fiz esta peça e não fui pago por isso”. Eram empregados de uma fábrica terceirizada na Turquia que fechou”. Não é incomum que os fabricantes de roupas tenham problemas éticos nas suas cadeias logísticas.
Nada disso quer dizer que estas grandes marcas não vão resolver seus problemas e moldar-se às novas expectativas e tendências de um mercado cada vez mais exigente, não apenas com os produtos que estão comprando, mas também com a forma como eles são produzidos.
Mas, talvez fosse mais adequado se Lemann usasse como exemplo – e possivelmente como concorrente – a Amazon, com a sua recente aquisição da Whole Foods. É um bom exemplo do formato que tem o propósito de vender e entregar produtos frescos, orgânicos e saudáveis onde o cliente preferir, em casa ou na loja.
Jorge Paulo, quando confrontado pelo moderador com a possibilidade de ele e seus colegas não estarem preparados para conduzir a mudança, já que suas habilidades seriam outras, respondeu com firmeza que com seus 78 anos já tinha vivido muitas vidas. Havia sido jogador de tênis, liderado instituições financeiras e que não ia descansar nem ir embora. Ia reagir. Foi aplaudido pelos participantes.
Lemann tem razão. As grandes corporações têm reagido às ameaças de disrupção reconhecendo sua situação de risco, investindo em inovação dentro e fora de suas fronteiras, estabelecendo uma cultura empresarial flexível e inclusiva e, principalmente, inventando os novos produtos e serviços que os clientes anseiam e desejam.
Citou a iniciativa da criação de um novo departamento chamado ZX na AB InBev, com novos profissionais e novas competências, para avaliar e implementar possibilidades criativas de inovação e, se necessário, disruptar a si mesmo. A experiência vai servir de modelo para as outras empresas do grupo.
A 3G tem uma oportunidade única. Reinventar a forma de criar, produzir e distribuir alimentos e bebidas no mundo. O Brasil teria muito a ganhar. Com o advento da Quarta Revolução Industrial os ecossistemas produtivos serão mundiais. Juntar a excelência do nosso agronegócio com empresas globais, produtoras dos alimentos do futuro, controlada por brasileiros, é uma vantagem competitiva absolutamente excepcional.
No darwinismo empresarial atual, os dinossauros têm toda a chance de escapar da extinção e sobreviver. Para isso precisam, apenas, ser inovadores, ágeis, flexíveis, mutantes e sensíveis aos desejos e necessidades dos novos e inconstantes habitantes deste planeta.
Não é totalmente descabido afirmar que, em tempos tão peculiares, dinossauros, robôs e humanos possam conviver em harmonia. Uma época jurássica transumanista.

sábado, 4 de março de 2017

Como o cartão fidelidade é a grande sacada para alavancar vendas

Coma dez refeições e ganhe a décima primeira ou traga um amigo e ganhe desconto. Já ouviu propagandas assim? Veja como montar uma estratégia que vale a pena

Cartão fidelidade vale a pena

São Paulo – Os clientes são a coisa mais importante de um negócio, afinal, sem eles não haveria faturamento. Mas quanto tempo você gasta pensando em estratégias de fidelização? Se isso não estiver entre suas prioridades, coloque o quanto antes.

“Toda empresa que quiser sobreviver tem que ter um cartão fidelidade ou qualquer outra boa estratégia de fidelização. Quem não tem, está atrasado”, diz o coach Roberto Navarro, do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC).

O segredo para atrair clientes fiéis está no diferencial oferecido. Exemplo: você está em dúvida entre comprar um determinado produto em uma loja ou em outra, sendo que ambas ficam no mesmo lugar e cobram preços similares pelo mesmo item, só que em uma delas você ganha 100 reais de desconto na próxima compra e na outra, não. Qual você escolheria?

“Certamente o consumidor vai escolher a opção que dá desconto, que oferece um plano de fidelidade. Assim, o negócio ganha não só a compra naquela hora, como também garante que a próxima aquisição do cliente será lá”, afirma Navarro.

Gilberto Braga, professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-RJ), lembra que há uma infinidade de estratégias de fidelização no mercado, o que exige cuidado redobrado dos empresários para não perder a referência do que é diferencial.

“É muito comum que os restaurantes ofereçam, por exemplo, uma refeição grátis depois de dez pagas. Se for um restaurante que ele almoça todo dia, perto do trabalho, por exemplo, não vai fazer diferença para ele. Ok, é legal ganhar uma refeição, mas isso não prende ele ali”, diz.

“Se em vez de ele ganhar uma refeição comum ele ganhasse um jantar com um cardápio diferente, mais requintado, para ele e um acompanhante, ou até mesmo um produto que tenha a ver com a identidade do restaurante, como uma bolsa de praia se o estabelecimento ficar à beira mar, isso sim seria um diferencial para ele se manter fiel ao lugar”, completa o professor.

Segundo Braga, tudo o que o cliente não quer é se sentir comum —muito menos usado. “Se ele come quase todos os dias ali, ele sabe que tanto ele quanto seus colegas em algum momento vão ganhar aquela refeição grátis, seja mais cedo ou mais tarde. Não há nada de especial nisso.”

Para Navarro, do IBC, segmentar os clientes em categorias conforme o grau de fidelização também é uma boa para o negócio. É o que fazem os programas de companhias aéreas, por exemplo, com classes “gold”, “silver” etc.

“Você quer fazer parte de uma categoria melhor porque isso vai te trazer uma série de diferenciais, como acesso a salas VIP, embarque prioritário, check-in mais rápido e outras coisas. Isso desperta uma vontade natural no cliente de ser fiel à companhia e, assim, atingir uma categoria melhor”, diz.

Divulgação

Ter uma boa estratégia de fidelização não é suficiente se você não conseguir divulgá-la corretamente. E é preciso começar o trabalho de divulgação com os próprios funcionários do seu negócio.

“Quantas vezes a gente vai a uma loja que tem alguma estratégia de fidelização, mas o funcionário não faz um alerta na hora do pagamento porque ele mesmo desconhece as regras do estabelecimento”, afirma Navarro.

Esse desafio não é exclusivo das pequenas e médias empresas. “Você pode chegar em um posto Ipiranga, por exemplo, perguntar a um frentista sobre detalhes do programa ‘Km de Vantagens’ e talvez ele não saiba te responder com precisão. É um ótimo programa, mas cada posto acaba funcionando como uma empresa independente e fica difícil para a marca controlar a divulgação disso.”

Nas PMEs (pequenas e médias empresas), muitas vezes os donos ficam tão atolados com burocracias em seus escritórios, como pagamento de contas e gerenciamento de pedidos, que acabam se esquecendo de dar atenção ao treinamento dos funcionários.

É preciso lembrar ainda que a estratégia de fidelização de clientes, além de manter, claro, um público cativo, também pode servir para atrair novos consumidores para seu negócio.

Não à toa, as promoções do tipo “traga um amigo e ganhe desconto” podem dar bom resultado. As redes sociais são aliadas na divulgação da estratégia. Afinal, quem nunca viu no Instagram ou Facebook alguma promoção do tipo “marque um amigo e concorra”?

“É algo simples, mas que realmente dá resultado. Você inverte a situação, pois, além de fidelizar sua base de clientes, transforma-a em uma vendedora do seu negócio. Os próprios consumidores vão se empenhar para divulgar seu produto, já que terão uma contrapartida lá na frente”, explica Braga, do Ibmec.

O que não fazer

Todo cuidado é pouco na hora de pensar em uma estratégia de fidelização. Ter uma é importante, mas não pode ser qualquer uma. “Se você fizer por fazer, apenas porque a concorrência fez, a chance de o tiro sair pela culatra é grande”, alerta Braga.

Segundo o professor, é preciso estudar o cliente, conhecer profundamente as necessidades dos consumidores e o que os agrada.

“Muitos donos de pequenas e médias empresas pensam que não devem se preocupar com isso, já que é algo que estão ‘dando’ aos clientes, então eles não podem reclamar. Mas um cliente que teve uma experiência ruim com um programa de fidelidade de um estabelecimento pode querer não mais comprar o produto ou serviço oferecido por aquele lugar”, lembra Navarro, do IBC.

Também é fundamental fazer as contas. Se você for oferecer um produto grátis na compra de outros, o custo desse “brinde” tem que ser compensado de alguma forma para você não ficar no prejuízo. Não adianta agradar o consumidor se o preço disso for fechar as contas no vermelho.

Fonte: Exame.com